domingo, 1 de agosto de 2010

Se houve, prove.

De noite, me perguntou onde eu queria dormir. Com você, é claro, eu respondi. É por isso que eu adoro você, ela falou. Mas faz tua cama aí nesse canto, eu durmo aqui no sofá mesmo, legal pra você?
— Norma, que é que está acontecendo? Que história é essa?Vamos conversar um pouco. Onde é que foi parar aquilo tudo que havia?
— Tudo aquilo, o quê?
— Ora, você sabe, não se faça de boba.
— Você deve estar louco. Nunca houve nada entre nós.
— Essa não, Norma. Invente outra.
— Se houve, prove.
Eu não podia provar nada. A única evidência que eu tinha de que TINHA HAVIDO ALGUMA COISA ENTRE NÓS, esse nó no peito, essa sensação de que tinham colocado uma rolha no gargalo do meu coração, e essa vontade de apertar seu pescoço devagarinho até fazer o cérebro sair pelas orelhas que nem bosta num moedor de carne. Ou bater nela com um maço de notas de mil, até ouvir ela gritar Bernardo. Uma navalha, por favor.

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