sexta-feira, 23 de julho de 2010

A sobrevivência


a loucura, quem sabe, caíra como chuva

ou como uma bigorna em cima dos sonhos empilhados

perturbando o sono como cantilena de ladainhas

suspiros de lástimas em meio à canções desencontradas

e ela arrancou cabelos

enumerou pratos

copos em cacos agarrados aos dedos

treinando a vista 

para ver até onde tudo sangrava

e ela ouviu música

cerrou cortinas

desejou massacres

jogou a solidão dentro da taça


e bebeu

e efervesceu o grito como antiácido intragável

atirou contra a noite de extinções e extermínios

a calma, quem sabe, tirou férias para morrer

ou como uma canção engasgada

mão no rosto na hora da foto batida 

na despedida no meio da noite 

em meio a acenos e mais acenos de adeus

treinando para o nunca

e ela amassou cigarros

girou no delírio de sobrevivências tardias

e sonhou




li aqui ó: http://pontispopuli.blogspot.com/


Um comentário: